Resultados são anteriores às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul
Após as estiagens de 2022 e 2023 e o excesso de chuvas no ano passado, a agropecuária recuperou espaço na economia do Rio Grande do Sul no primeiro trimestre deste ano. O PIB estadual nesse período – ou seja, antes das inundações – registrou alta de 4,1% na comparação com o quarto trimestre de 2023. O resultado foi puxado principalmente pelo avanço no segmento do campo, que apresentou expansão de 59,1%. Na mesma base de comparação, a indústria (+0,5%) e os serviços (+1,2%) também avançaram. No Brasil, a alta no PIB no primeiro trimestre foi de 0,8%, com crescimento de 11,3% na agropecuária e de 1,4% nos serviços, enquanto a indústria registrou queda de 0,1%.Com o resultado de janeiro a março, no acumulado de quatro trimestres a economia gaúcha apresenta crescimento de 3%. No país, a alta é de 2,5%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). O documento foi elaborado pelo pesquisador Martinho Lazzari.
Na indústria, as quatro atividades que compõem o segmento apresentaram alta –entre elas a indústria de transformação, a principal do setor, com expansão de 0,1%; a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (0,4%); a construção (0,2%); e a indústria extrativa (1,5%), a de menor representatividade industrial no estado. Nos serviços, o destaque positivo ficou por conta do comércio, com crescimento de 3,5% no primeiro trimestre de 2024 em relação aos últimos três meses do ano passado. As atividades de transportes, armazenagem e correio (1,5%) e serviços da informação (1,3%) também avançaram, enquanto a atividade de intermediação financeira e seguros foi a única do segmento a apresentar queda (-1,7%). Quando a comparação é o primeiro trimestre de 2023, a economia gaúcha apresentou crescimento de 6,4%. O Brasil, na mesma base, cresceu 2,5% no período.
Comparação anual
O crescimento nas lavouras de soja (71,2%) e de milho (26,4%), ambas afetadas pela estiagem em 2022 e 2023, puxaram a alta da agropecuária no primeiro trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre as principais culturas agrícolas do trimestre no estado, o arroz também teve avanço na produção (4,3%), enquanto o fumo (-2,6%) e a uva (-22,2%) registraram queda. Na indústria, a alta de 2,6% entre janeiro e março foi influenciada principalmente pela atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com alta de 40,7%. “A estiagem registrada nos primeiros meses de 2023 restringiu a produção de energia hidroelétrica, o que impactou no resultado econômico da área. As chuvas dentro da normalidade no início deste ano reverteram o quadro”, explica Lazzari.
A indústria extrativa mineral teve alta de 2,1% no período em relação ao ano passado, enquanto a indústria de transformação, principal atividade industrial do Estado, registrou queda de 1%. Construção também caiu 0,4% no período. Entre as 14 atividades monitoradas da indústria de transformação, a queda nos números é explicada, principalmente, pelo desempenho da fabricação de máquinas e equipamentos (-26,8%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,5%) e produtos alimentícios (-4,9%). Entre as altas mais expressivas, se destacaram as atividades de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (+93,9%) e produtos do fumo (+19,4%). “No primeiro trimestre de 2023, a Refinaria Alberto Pasqualini esteve com a produção pausada para manutenção e realização de investimentos. Com a retomada neste ano, a produção voltou aos padrões habituais”, conta Lazzari.
Nos serviços, a alta de 3,2% foi influenciada especialmente pelo comércio, com elevação de 4,7%, outros serviços (5,1%) e serviços de informação (5,1%). Entre as atividades do comércio, os principais destaques foram os aumentos nas vendas nos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+14,1%), no comércio de veículos (+18,8%) e nos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (10,2%). Entre as baixas, as mais significativas foram nas vendas de combustíveis e lubrificantes (-5,2%) e de material de construção (-2,5%).